14.3.17

Fadário que levou sumiço.

Pareço atarefado, mas é só o compromisso de não ceder ao enfado. Procuro, com os olhos, a chave. De outra forma não poderia ser, descansa no lugar de todos os dias. Desligo, num gesto automático, a luz da divisão. Espreito pela janela e espero que não chova. Pouso o tablet e agarro no relógio. Acomodo o cabelo e visto o casaco. O telemóvel numa mão, a tocar sem sossego, o número que prefiro ignorar. Volto lá mais tarde. Com a gestão exímia dos tempos. Na outra mão, alguns subscritos. Nunca são suficientes, tantos os que sabem o seu destino. Foi o mote, uma carta aguarda que a levante numa estação de correios. Adio, por falta de convicção. Venho, entre escassos passos e exacerbados actos, perdendo a convicção. É outra versão. De mim e das minhas expectativas. Porventura, noutra época bem mais empoladas, inocentes, felizes e garantidas. Hoje, mais realistas, assentes na certeza, funcionais e nada ficcionadas. Não esqueço a professora de Ciências que me gabava o cálculo certeiro e o raciocínio apurado. Vaticinou-me o destino. Lamento, cara professora, saiu furado. Entrei no comboio ao lado. Arrisco sempre na combustão improvável. Demora a acontecer. Mas não é longe para a sorte grande. A outra já tenho e é com ganas que guardo.

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