7.3.17

Lida aturada.

Saí logo cedo, na rua um valente ensaio da primavera que não tarda. Sabe bem o tom e o som. Oiço um bom dia largo, logo depois o meu nome. Às vezes antecede-lhe um menino. Como que a cair na tentação de passar conforto nas palavras. Noutros tempos, o diminutivo era frequente na mistura do verbo. Respondo, meio absorto, mas com o sorriso de sempre. Hão-de de julgar que hoje é um dia importante. Porventura, não sei. Veste-se, no entanto, disso. Vou no carro, quase numa lamúria interna, ao ver as horas num trote. O trânsito ensaia uma fila inesgotável. Zango-me com a delonga. Não tolero atrasos, demoras sem razão. Larguei o sossego do lar bem cedo, para esta moda evitar. Mas não justifico o imprevisto. Encontrar lugar é uma odisseia para a qual não guardo espaço. Garanto em voz sumida que não me esqueci de nada. Enveredo pelo acesso mais breve, entro pelas portas largas e diáfanas. No centro, a menina da recepção, num rosa coquete, o senhor da segurança mostra-se simpático, de mãos postas. Pessoas num vai e volta. Por fim, quinze minutos antes da hora marcada, dirijo-me à recepção, pedem o nome. Estão à minha espera, mas vai demorar. Aquieto-me, trato das pendências, observo a movimentação à volta. Volvidos perto de vinte minutos após a hora marcada, a recepcionista divertida entrega-me a identificação para que possa seguir. A senhora aperaltada cumprimenta-me, pede que a siga. Subimos dois andares no elevador. Agora, por favor, aguarde – disse-me. Sentei-me. Desta feita, bem mais apoquentado do que aquietado. Enfim.

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