Sob
a cacimba, o mar um tanto revolto lá em baixo. O passadiço enorme, transeuntes
estrangeiros e esporádicos. Uns caminham para lá, outros vêm para cá. Trajados
a rigor, alguns testam as temperaturas. Trazem as máquinas para memorizar, um
cajado para apoiar. A terra esculpida sem obras do alheio, na ribanceira
desenhado o trajecto. O verde tem viço, típico da natureza que ainda consegue
fugir das maleitas. Fora, assim chegados, este o cenário que cruzámos. Demos,
então, descanso ao carro. Algumas casas nas costas, poucas. Juntos, é a
primeira vez que visitámos o lugar. Noutros tempos, fiz-me audaz e desci, o
máximo possível, num caminho inventado. Fomos dois, ambos insanos,
característica da idade desmedida. No topo, gritavam os nossos nomes e devolvíamos
sorrisos largos. Fomos felizes, no fundo. Literalmente. Agora, regressado e com
a melhor das companhias. Deixo-me encantar, só a observar. Não acredito em
cenários perfeitos, tampouco em ocasiões obrigatórias. Dispenso o romancear das
pausas. Dou preferência ao corpo a reagir. À mente a carburar. Rir, assim como,
conversar e o silêncio respeitar, deve ser a maior das bênçãos. Partilhar a
intimidade dessas necessidades, é ganhar conforto. Ao invés de certezas, que
falecem sempre. Olhar nos olhos é ver para lá do horizonte. Encostados ao
carro, depois do passeio, as primeiras pingas da manhã. A razão grita para que
fujamos, o instinto pede que fiquemos. Já lá vai tempo suficiente para perder,
mas a imagem mantém-se intacta. Ficámos até fugir. Só não largámos as risadas
comuns, a prosa demorada e o silêncio estimado.
Sem comentários:
Enviar um comentário