12.4.17

Viveza rara.

Traz os caracóis vincados, sobre a cabeça todos aconchegados. O cabelo curto ajuda à composição. Diz que são naturais, fazem-se com a vontade da genética, do crescimento. Não escapa, sequer, um branco. Todo escuro, enrolado, bastante sossegado. Aí, o contraste total com o corpo, pequeno mas pejado de energia. Magra o suficiente, avança. Não se deixa desmentir, dá a certeza de que tem genica maior do que tantos homens que conhece ou juventude que vê crescer. Veste-se conforme a confiança. Não me lembro de vê-la de vestido ou saia. Senão numa ou noutra fotografia antiga. Tampouco com uns saltos altos. Agora é informal no traje, e vem de longe a postura desbocada no trato. É eloquente e não dispensa a gargalhada aberta. Magica autênticas instalações sociais. Coloca-as da boca para fora, sem pensar um tanto de segundo. Emprega-as na vida de quem a rodeia. Prefere a religião a outros serões. Sobre a temática, já tivemos sérias discussões. Tão saudáveis quanto construtivas. Lá atrás, afoito, fui um nada rude e assertivo demais. Senta-se de perna cruzada e conta estórias sem fim. Com ela, perco-me em gargalhas sucessivas. Rimo-nos juntos. Tal como os telefonemas, em tempos, tão longos. Não é falso lembrar as horas ao telemóvel. Fala com tanta vontade que quase não dá sossego à tagarelice, descurando o que havia de ser uma conversa a dois. Mas até isso lhe oferece graça. Fã assumida de tecnologia, já lhe conheci um sem número de telemóveis, máquinas fotográficas e outros gadgets. Uma fase houve em que a prosa não era outra coisa que não repetida. Estava disposta a mudar a alimentação. A favor do corpo mais leve e da saúde em pleno. Tirava todas as dúvidas, lembrava sugestões. Lançou-se na prática de exercício físico e até o corredor comprido de casa fora a sua sala de movimentar o corpo. O seu nome rima com alegria. E de outro jeito não era expectável. É uma das minhas tias. E uma mulher activa.

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