13.4.17

Inaudito soprar daquele lugar.

Acabo de receber um vídeo e dois pedaços com som. Remonta às idas para o Algarve diferente. Afastado das massas. Preservado pelos amantes daquele lugar, daquelas bandas. Com direito a praias de mar revolto e caminhos íngremes. Gentes da terra com o sotaque fresco e pronto a soltar o verbo. O rádio do carro solta as mais diversificadas canções. Sem incomodar ou impedir de cantar. As casas seguidas, poucas e quase na boca do mar, de branco imaculado, com o verde e o azul a fazer as vezes de adorno. Também pintadas de cores diversas e garridas. Sem esquecer o amarelo que passou da cozedura ou o rosa velho, os pequenos jardins logo à entrada ou as pedras na parede desenhadas. O verde a manter a postura, sem mazelas graúdas. O ar que inalamos é superior e tem um jeitinho sem igual. Os surfistas tomam as ganas das ondas que não perdem o génio. Os lugares, pequenos e familiares, que oferecem tempo e sossego. As pequenas mercearias que servem as necessidades da população, que matam o tempo a todos e a cada um, inclusivamente. O jardim, cujo cenário vive de dois ou três bancos feitos de ripas de madeira, alguns arbustos a envolver e flores com cor de primavera. As velhotas e os velhotes numa tertúlia quase silenciosa. Dão os bons dias, desejam uma boa tarde e só falta a noite feliz. Aí, já no resguardo do lar. Os restaurantes primam pelos pratos da região, nunca falta o peixe fresco. O cenário é atrevido e peculiar, convida à conversa demorada, às partilhas de pele com pele e às indefinidas fotografias. E, claro, sem esquecer as largas memórias que nos traz. Recebi, há escassos minutos, a certeza de que vamos voltar. As imagens de outros dias, tremendamente bem embrulhadas, feitas convite. Tenho saudades. Temos saudades. Tomo com elas a certeza de que há sempre mais. Há ir e voltar. As vezes que entender. As vezes que nos receber.

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