Venho
chegando, com a noite assumida, enquanto oiço Gorillaz. Esta canção tem história, prosa demorada, para outros
temperos. Viro à esquerda, para encontrar o beco. Casas grandes, com jardins
bonitos. Sei-os de cor, tantas as visitas. Junto ao portão escancarado, depois
de estacionar o seu Mini, alguém
acena, com vontade e precisão, temendo não ser vista. Devolvo, com sorriso e
tudo. Procuro estacionar, mas não fico satisfeito. Saio do carro contrariado.
Conjuro no desassossego mental, léxico que tem falta de maturação. Trago um
presente, um vinho pomposo. Mãos ocupadas, eu na corda. Chego-me à simpatia do
aceno, trocámos dois beijos – ainda sou pela dupla do verbo. E pergunta pelo
que me traz ali. Afazeres, ensaiei responder. Fiz-me melhor rapaz, cumpri a
verdade e procurei pela família. Todos bem, como se quer. O irmão volta em
breve. Amigo de outras paragens. Agora tenho de ir, que já me faço em cima da
hora. Fracos passos e toco na campainha. Vejo a luz acender, logo se faz ouvir
o cão da casa. Recebe-me antes de todos. O entusiasmo de sempre. Não guardo
palavras para a empatia que fixámos, eu e o pequeno animal. Pequeno com todas
as comas. Passadas as brincadeiras iniciais, entrego o empolado vinho.
Lembrando, entre risadas, outros bem fajutos que outrora bebericámos. Feitos
todos os cumprimentos, volta a certeza de que estou sempre bem por aqui. Falta
alguém, mas não resta assunto. Fica para depois. Enquanto me leva o casacão,
pisca-me o olho. Devo ter esboçado uma fácies atabalhoada. Pior, só a barba
demorada. Negligentemente aparada. O meu pai já nem aventa questionar. Ganho,
por estar longe da vista. Servem-me a primeira taça. Grande noite se principia.
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