11.2.14

Um copo de vinho a descansar com a lareira ao fundo. E um nome cortado.

Enquanto a lareira queima, a gosto, a lenha que lhe coube em sorte, o vinho frutado tinto, respira. Para salientar e definir. Um tom repousado. Agora, que paro, sei que necessito de uma formação na área dos vinhos. Infelizmente falta-me cultura enológica. E tempo aliado à disposição. É um julgamento sentido. Mas, enquanto o cenário se compõe, também com as horas a baterem no pesado relógio de parede, permito-me pensar que não entendo o peso e a importância de um nome. Ou, antes, de um sobrenome. Parece uma arma de arremesso. Uma necessidade tacanha de deturpar vidas. Como se, porventura, um sobrenome elevasse ou fustigasse alguém. Como se conhecêssemos e reconhecêssemos, a priori, o íntimo do outro, assim se apresentasse apoiado num extenso ou num corriqueiro sobrenome. Galopa o girar da incapacidade de gerir acções e emoções. Torna-se fácil e banal apontar o dedo. Até, imagine-se, pelo peso e tamanho de um nome. Putativamente desgastante. Também me recordo que, há uns tempos, numa situação social algo informal, apresentaram-se e apresentei-me. Disse-lhes o meu primeiro e último nomes. Dispensei os restantes. Como sempre faço, por força da razão e do hábito. Retorquiram que eu era tomado de um empirismo arraçado e peneirado de um registo altamente formal. De uma certa intelectualidade. Até para a minha tenra idade. Tanto quanto me recordo, quando me ensinaram, chamaram-lhe educação. E eu sorri ao cavalheiro. Mas não dispensei rematar a conversa com o meu ponto. Tornei a apertar-lhe a mão. Vulgar como tropo. E ainda me falta aprender tanto sobre vinhos. O meu pai esqueceu-se. Prioridades.

2 comentários:

  1. :)....há quem não perceba o que são as prioridades!! Quer-me parecer que as tuas...mesmo nessa tua tenra idade...estão muito bem definidas e foram-te tão bem incutidas!!!
    Enologia...parece-me apenas um daqueles acessórios...que dada a situação, apenas a eles lhes fez falta!
    Ui... o que eu gosto de lareiras...e a pena que tenho de não ter uma :)
    Beijinhos
    Até já!

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    1. É sempre altamente arriscado, perigoso até, entender ou decifrar as acções e as prioridades dos outros. Embora, muitas vezes, representem um todo. Não sei.
      Eu, no que me importa, tenho-as perfeitamente definidas e entendidas. Quem não as souber perceber, tudo certo. A idade não compõe ninguém.
      Quanto à enologia tratar-se-á, claro, de uma mera curiosidade. Não é imprescindível. É totalmente acessório, pelo menos para as minhas necessidades diárias. É um charme, talvez.
      Obrigado pelas palavras :)
      Eu também adoro lareiras. Também pelo ambiente que formam. Não tens, mas vais ter! Querer é poder, sempre ouvi ;)
      Beijinhos.
      Até já!

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