Aproveitou
o regresso do sol. A ausência da chuva e do cinzento cerrado. Aproveitou, de
manhã cedo, o regresso do sol invadindo-lhe o ateliê, montra adentro. A luz
dando brilho e dinâmica às máquinas de costura. Os tecidos pendidos, ganharam
cores sadias e vibrantes. Ajeitou os pormenores. Os trabalhos, uns expostos,
outros guardados ou em construção. Os esboços, que lhe são do coração, tal o
amor que lhes empresta, estão na mesa de trabalho, ordenados por épocas e
clientes. As linhas, voltou a organizá-las no matizado que as une. A auto-estima,
jamais esquecida, ajudou-lhe na escolha do figurino. De costas, reparava o
teatro de que se faz a montra. De costas, repara-se, desde logo, no trio de
laços. Três laços, três. De negro pano, desenhado pelas suas mãos, criado da
imaginação. As costas despidas, de laços a embrulhar. A imaginação numa luta
pela descoberta. Também esta jovem, que se assume modista de profissão,
desafia-se, a cada dia, a descobrir-se mais e de contornos sempre diferentes. Impares.
Assume-se modista. Diz, porque é feliz e viu a felicidade brotar do rosto e das
mãos da avó, deformadas com o tempo. De pequena ficam-lhe as memórias e os moldes
que abrem caminho para a árdua tarefa de se fazer o que se gosta. Moldei os
meus planos, antes que me moldassem e atentassem. Rematou, antes da gargalhada.
Antes de receber mais uma flausina. Uma cliente que guarda o melhor do termo.
Adoro a forma como retratas os pormenores......
ResponderEliminare como todas as "artes" te tocam da mesma forma, com a mesma admiração!
Gosto!! gosto mesmo :)
E é tão bom quando se faz o que se gosta, assumindo-se a paixão pelo trabalho... é mesmo bom :)
Beijinhossss
Até já
Nos Entas,
ResponderEliminarMuito obrigado! Fico grato pelas tuas palavras.
Talvez lhes dê importância, aos pequenos apontamento, porque gosto de pormenores. Gosto do que não é óbvio.
A arte, no meu entendimento, ultrapassa, lá está, o óbvio, as convenções. E não é catalogada.
Beijinhos.
Até já!