Serve
para ligar um corpo à acção - Mais à frente, o alcatrão típico de uma estrada
movimentada, de quem não espera nem sossega. Nem os semáforos, brincalhões das
cores a condizer com a bandeira. O axadrezado da calçada desenhada e agastada
de cada passada. Assim, debaixo dos seus pés. A rapariga foge com a cara de
quem segue na sua frente. Baixa a cabeça e dança de cabelos colados à mesma
cabeça irrequieta. Diz que é medo de esperar. Diz que é medo de esperar com a
cara levantada. Medo de ver o que não quer. Canta baixinho, como que num aviso
prévio. Canto, apenas e só, para mim
- havia de pensar aquela cabeça. Virou-se, de costas para a estrada, e de mão a
tocar no relógio, disse em voz alta e tremida – Eu não quero esperar. E não sou maluca! – Voltando, logo de
seguida, à posição que conhecemos. Depois seguiu caminho, assim o semáforo deu
ordem de passagem. Aconteceu mesmo. Não é ficção. Aquela cara diz-me qualquer
coisa. Se não é, lembra-me uma miúda de outra altura. Também ela avessa a troca
de olhares. A comunicar. Só cantava na igreja, quando todos se calassem. Sempre
de costas para os fiéis. Entregue à observância daquela crença religiosa. Do
mesmo modo, gritava cá fora, no pátio. E ria alto. E falava, quando a ouviam.
Sem comentários:
Enviar um comentário