Fingindo
ter um microfone à frente, gesticulava e cantava. Firme. À capela, supunha-se.
Popular no som, imponente e corpulenta na voz. Extravagante no figurino. Ousada
no penteado. A letra, fluente na memória. O cover
invariavelmente antigo. A banda atrás. O público na frente. Os aparelhos
afinados. O palco montado. A miopia a favor. O microfone ali. Refutando a
esperança irrealizável. Ganhando vida, não era fingimento. Era protecção.
Sabia-o ali, à sua frente. Afastando o olhar para lá dele. Fica na sombra. Por
ela, até ao amanhecer. Vagos pensamentos. Compassada, deixando-se levar,
esquece o fingir. Atribui efeito. Faz sentido quando não contamos menos. Siga o
espectáculo.
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