22.10.14

Aflição infinita.

Surge uma lágrima antes do discurso. Cai, de seguida, outra. Depois outra. Até que os olhos se desligam e perdem o controlo. Nunca mais interessa, assim se inicie a libertação que não tem fim. É um confronto interno, imagino, antes das palavras lhe saírem boca fora. Lá dentro, onde só ela conhece os meandros onde as guarda, batem-lhe, enquanto as escolhe, no fundo. O coração é o órgão de múltiplas situações. Mas é nele que se sentem as emoções. Como se a amargura de nada combater, lhe ferisse de morte. Como se a dor fosse tão física. Que é, quando se sente é porque é verídico. O coração está ali, mas quer, no desespero da incapacidade de manter a calma, sair-lhe do peito. A voz levanta-se quando mostram outro caminho. Errático, por sinal. Repele o confronto. A ironia de persistir por medo. O descrédito de quem havia de a proteger. Desliga a coerência. Persiste num jogo que não entende e que, neste instante, não tem fim à vista. É uma obrigação que come o corpo até ao fim da carne. É uma infelicidade que não fecha pela guerra de manter a felicidade de outro corpo. É, por fim, perguntar o que é que quem a ouve acha que deve fazer. É, depois disso, um silêncio. A ausência de palavras por não existirem. É, sem sombra de dúvida, estar numa luta que é altamente acerba.

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