7.10.14

‘The show must go on’

Fingindo ter um microfone à frente, gesticulava e cantava. Firme. À capela, supunha-se. Popular no som, imponente e corpulenta na voz. Extravagante no figurino. Ousada no penteado. A letra, fluente na memória. O cover invariavelmente antigo. A banda atrás. O público na frente. Os aparelhos afinados. O palco montado. A miopia a favor. O microfone ali. Refutando a esperança irrealizável. Ganhando vida, não era fingimento. Era protecção. Sabia-o ali, à sua frente. Afastando o olhar para lá dele. Fica na sombra. Por ela, até ao amanhecer. Vagos pensamentos. Compassada, deixando-se levar, esquece o fingir. Atribui efeito. Faz sentido quando não contamos menos. Siga o espectáculo.

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