Não
têm um adjectivo, não lhe dão um nome. É uma acção e, inopinadamente, vai
ganhando latitudes várias. É pois, tão fácil ignorá-la. Não lhe dão definição.
Na outra margem, chamou-lhe moda. Não falamos de roupa, de cabides andantes e
de sapatos nas montras. Dos saldos que não interessam a ninguém, tampouco do
casaco de corte mau e das calças sem cintura. Não penso nos ténis, para não me
tentar. A ideia de que um robô é o pináculo da excelência da existência que
todos procuramos, está obsoleta. Mas nela vivemos embrenhados. Abre uma garrafa
de água, verte grande parte para o copo transparente. Nas costas, um ecrã
gigante que reúne informação. Dados e mais dados. Bebe um pouco e volta ao
discurso. Entre as palavras que não perdem com o fôlego, o orador falou na moda
de não pensar. Não fazemos, diz, propositadamente, mas fazemos a favor do jeito
tão displicente como nos demitimos da responsabilidade. Perdoe-me, em sabendo,
o uso das minhas palavras, que em me faltando a memória dos sentidos, me
parecem mais apropriadas. A moda da intuição. Faz sentido, se pensarmos como um
espelho. Funcionas ao contrário, com o intuito automatizado, num escuro que te
limpa a atenção. Até que algo ou alguém te traga de volta. A filosofia já
pensou sobre isto. A sociedade vive com isso. Um mundo inteiro não chega e
enchemo-nos sem pensar. Resta-nos acalmar. Toca o telemóvel, chegou uma
mensagem. Abro o e-mail. É curiosa a confusão. Porque o hábito ganha à acção.
Chego, então, à mensagem e conta-me uma conhecida, que já não vejo há uma série
de tempo, que disse a uma amiga dela para me seguir no Instagram. Estamos nisto. Vivemos ao contrário. Não estamos a ser
jovens, não. Estamos só a ser parvos.
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