15.6.15

Uma mensagem nova no meu telemóvel.

Não têm um adjectivo, não lhe dão um nome. É uma acção e, inopinadamente, vai ganhando latitudes várias. É pois, tão fácil ignorá-la. Não lhe dão definição. Na outra margem, chamou-lhe moda. Não falamos de roupa, de cabides andantes e de sapatos nas montras. Dos saldos que não interessam a ninguém, tampouco do casaco de corte mau e das calças sem cintura. Não penso nos ténis, para não me tentar. A ideia de que um robô é o pináculo da excelência da existência que todos procuramos, está obsoleta. Mas nela vivemos embrenhados. Abre uma garrafa de água, verte grande parte para o copo transparente. Nas costas, um ecrã gigante que reúne informação. Dados e mais dados. Bebe um pouco e volta ao discurso. Entre as palavras que não perdem com o fôlego, o orador falou na moda de não pensar. Não fazemos, diz, propositadamente, mas fazemos a favor do jeito tão displicente como nos demitimos da responsabilidade. Perdoe-me, em sabendo, o uso das minhas palavras, que em me faltando a memória dos sentidos, me parecem mais apropriadas. A moda da intuição. Faz sentido, se pensarmos como um espelho. Funcionas ao contrário, com o intuito automatizado, num escuro que te limpa a atenção. Até que algo ou alguém te traga de volta. A filosofia já pensou sobre isto. A sociedade vive com isso. Um mundo inteiro não chega e enchemo-nos sem pensar. Resta-nos acalmar. Toca o telemóvel, chegou uma mensagem. Abro o e-mail. É curiosa a confusão. Porque o hábito ganha à acção. Chego, então, à mensagem e conta-me uma conhecida, que já não vejo há uma série de tempo, que disse a uma amiga dela para me seguir no Instagram. Estamos nisto. Vivemos ao contrário. Não estamos a ser jovens, não. Estamos só a ser parvos.

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