5.7.16

A um passo dos ditosos.

Estive há instantes com um amigo, quase que o apelido de conhecido. Em tempos, um amigo muito próximo, com direito às partilhas mais inusitadas. Do sexo a experimentar às relações furtivas, da música boa e meio marginal ao jogo dividido por uma rede, da burguesia que nos assentava à rivalidade campal. Mas o espelho não engana, vamos avançando e perdendo pormenores. Porventura, acumulando outros, tão dignos, ligeiramente diferentes. Foi o caso, perdemo-nos, por força do trajecto individual e pela distância no geral. Continua um tipo porreiro, pareceu-me. É no direito que se vem cumprindo. E no braço uma tatuagem enorme. Atrevida, mas calma e de gosto feliz. Invejo, se me perdoam o termo, as tatuagens bonitas que vou vendo por aí. Os tipos que não perdem a pinta, pelo contrário, agarram-na com outra fé. As raparigas que não desmaiam na hora de escolher e guardam no corpo o desenho certo. Invejo, ainda mais, a bravura e a decisão. A minha, adiada sem hora, por um receio meio tosco do arrependimento, quase injusto. No Instagram uma amiga vai lançado a deixa, passeando o corpo definido, a roupa interior que lhe eleva a confiança, as pernas torneadas, as mamas no sítio e a tatuagem que caminha por grande parte da pele. Do ventre à anca, não perdendo as coxas de vista. Ali, à minha frente, um amigo distante com a sorte de fazer o que bem entende. Exibe-a nas horas vagas, guarda-a para si no momento do expediente. É uma opção válida e sensata, que cumpre a razão e não belisca a moral. Vou pensar, atrever-me a cogitar. Enquanto oiço uma cover que merece toda a atenção. Quão fascinante é quando a obra foge-nos das mãos e vira arte na acção de alguém.

4 comentários:

  1. Olha, olha.
    Desse assunto entendo muito bem... eu tenho algumas, e não são poucas.
    Mas te dou um conselho, só faça quando tiver a certeza de que realmente quer. Do contrário, te trará somente arrependimento. ;)

    Beijão!

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    1. Boas, Helena! :)
      Precisamente, por apressar esse eventual arrependimento, que vou adiando. A tatuagem está definida. Falta o resto.
      :)

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  2. Perdoo-te o termo, porque também o conseguiria usar para expressar o que sinto quando vejo uma tatuagem interessante, abrilhantando o sítio certo de um corpo que a sabe exibir. Inveja.
    Já há vários anos que quero fazer uma tatuagem. Ainda não desisti da ideia. Acredito que a irei fazer dentro de pouco tempo. Ainda não sei o que irá representar. Essa tarefa, entreguei-a a outra pessoa. E a graça está aí. Confiar no conhecimento que alguém tem de nós para desenhar o que irá marcar a nossa pele para o resto da vida.
    Acho tão bonito.

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    1. Mam'Zelle,
      Sempre atenta! Eu, agradecido. :)
      Eu também ambiciono fazê-la. Quando não sei. Talvez seja uma vontade que jamais terá resolução.
      Bem, esse tratar-se-á de outro campeonato. Embora, perceba a dinâmica, até o entusiasmo que possa existir. Enfim, havendo confiança, tudo é mais limpo.
      Tal e qual. É bonito!

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