Não
nos cabe no corpo instigado pela euforia, a experiência de chegar lá pela
primeira vez. Fogem-nos as palavras. As certas, as oportunas, as erradas e as
impensáveis. As outras, dotadas de um certo tabuísmo, também. O desdém foi
arremesso de ocasião, a propósito, em todo o percurso. As veias salientes, o
coração possante, o punho cerrado e os dentes numa tensão profunda. Os ecrãs
gigantes, as mulheres vibrantes, os homens expectantes e as crianças atentas.
As bandeiras nacionais nos lugares mais comuns, nos mais inusitados e nos
corpos aturdidos. Os movimentos impacientes, as mãos levadas ao rosto. As
lágrimas tomando muitos de assalto. Os gritos de dor sossegada e de felicidade
estampada. O Hino Nacional na ponta da língua, o tempo de antena que merece. Um
soluço de apneia. No relvado a questão. O plantel na discussão, no esquema da
emoção, fazendo frente a quem joga e atenta contra todos e cada ponto. Grita-se
por Portugal. Da bancada diante da prova até ao café cheio no país natal e à praça
da cidade atulhada. Casais suportando as mãos, grupos de amigos fortemente
unidos, velhos e novos no mesmo trajecto. Não se negue, é futebol. É o desporto
das massas e corrompe grande parte das antipatias. É o pretexto para assomar
junto ao outro. Putativo desconhecido. Trocar ideias e vociferar asneiras.
Agradecer, por fim, a cada um dos valentes. Viver e comemorar. Fá-lo como
melhor te assenta. São emoções. Fortes e quase umbilicais. Por isso, há
instantes, na despedida de alguém especial, pedi-lhe que regressasse bem a
França e que os encontrasse ainda ressabiados. Pois, bem sabemos, o título já
chegou. E é nosso. Do Portugal dos desdenhados. Saudações!
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