8.8.16

Entre o auge da tarde e o final da mesma.

O ambiente é de férias. Um paraíso tão próximo. As palmeiras quase que cedem à calma, nada balançam, têm o tom viçoso, envolvem o espaço, compõem a vista e deixam imaginar o resto. Vêem-se as ondas claras lá ao fundo, a espuma a tecer borbulhas. As espreguiçadeiras cheias, as cores do verão salpicadas pelo areal. Aqui, sentados num lugar bonito, numa mesa privilegiada, ladeados pela piscina, envolvidos pelo frenesim de quem trabalha contrastando com o sossego de quem descansa. As mesas, tal como a piscina, estão lotadas. Na água, entre mergulhos desgovernados, salpicos desorientados, saltos invertidos, braçadas e braçadeiras, óculos de mergulhador e bóias de diversão, risadas fáceis e chamadas de atenção, estão novos e velhos. Em ameno convívio veranil. Ouvem-se línguas diferentes, sotaques também. Não falham os fatos de banho, os biquínis, os calções e, claro, os óculos de sol. Alguns arriscam numa indumentária mais formal, impecáveis ao fim da tarde. Servem-nos uma bebida fresca e bastante agradável, outros entreténs a seguir. Falámos tanto, mas não esgotámos prosa. Ao lado, uma senhora de honrosa idade joga as mãos à cabeça loira sempre que o neto escapa dos braços do avô e joga-se sem medida para a água. Depois, duas jovens partilham outra mesa, não se olham, não trocam uma palavra e fumam umas cigarrilhas e, parece, passam assim a tarde, entre uma aspiração e outra. Chega ao recinto um senhor cuja espécie de tanga reduzida parece trazer a via láctea em exposição, a camisa aberta e solta, chama a atenção. Segue caminho, airoso e divertido. De gente comum também se enche a zona. Em tempo algum são esquecidas as fotografias para o Facebook e Instagram. Os vídeos animados para o Snapchat, a anunciar que são felizes no verão. Fomos embora, dali a nada aconteceria um jantar demorado, com gente que nos importa. Não sem antes me gabarem a camisa. Não faço questão, mas não digo que não.

2 comentários:

  1. Bela descrição daquilo que se vive nas nossas praias nesta altura do ano.
    Gosto de ver as pessoas a movimentarem-se no verão. Gosto de sentir a alegria e a despreocupação. Gosto da leveza de cores e padrões a rodopiarem entre os raios de sol.
    Mas prefiro fazê-lo de uma varanda que, por sorte, fica à sombra. Sou pouco dada ao frenesim estival. Prefiro segui-lo da bancada. ;)

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    1. Mam'Zelle,
      Precisamente. Tão real quanto descrito. As praias, as unidades hoteleiras e toda a panóplia de lugares da moda, estão cheios de vida. Gente para trás e para diante.
      Também aprecio, de resto, como todo o ano, ver as pessoas passar, nesta época, como dizes, acresce a liberdade do tempo, a alegria fácil, a demora nas actividades. Há tempo e com ele mais tempo.
      Não digo que não a uma espécie de camarote ;) Ficámos entretidos e devidamente acomodados ;)

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