Bravo - Aquele gajo compôs uma autêntica diversidade de boas notas. Aquele
gajo é descomprometido com tudo, desde sempre. Conheci-o há alguns anos,
algures numa adolescência que ganha um certo tom de vedetismo. As calças
daquela marca, os ténis da outra, ainda os pólos com fartura. E ele nada.
Desmarcava-se disso com uma pinta sem igual. Talvez, porque nessa altura não me
agradavam os pólos e as camisas aos quadrados, demo-nos bem. Embora, as tenha
vestido algumas vezes e de feitio torcido, tão contrariado. E devo ter sido
beto. Ou arraçado disso. Mas não importava. Como não importa. Valia a cabeça e
a construção das conversas. A música que já era tão presente. Ouvíamos o som da
altura, mas que já era passado. Apresentou-me um sem número de nomes que ainda
hoje trago na minha lista de preferências. Volto sempre a ouvi-las, em todas as
vezes que não me esqueço. Reencontro-me com as suas sugestões musicais bem mais
amiúde do que com ele. Uma pena descomunal. Vive entre Cascais e Londres. Toca
como só um gajo como ele consegue. Tem composições incríveis. Algumas não saem
de casa. Este gajo ainda vai ser reconhecido, porque o melhor já é. Sem
qualquer adorno dispensável. Continua a ser aquele gajo descomprometido. Fiel.
Dispensa, ainda hoje, as camisas engomadas, as calças marcadas e os ténis. Há
gajos do caraças.
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