Cheguei
da praia. Há coisa reduzida de tempo. A areia no lugar, o mar a ondular. Corpos
ao sol, crianças a brincar. Lembrei-me de ti, dessa vontade quase insensata de
adiar as férias. De voltar depois. Porque o corpo ganha hábitos, a mente
perde-se no prazer que imagina. Faz sentido, não fossem as saudades enormes. À
distância, mantemos a conversa, às vezes cara-a-cara, numa ironia profunda.
Como se um vídeo oferecesse humanidade. Outras vezes, numa escrita desenvolta. Desta
vez, optamos pela última. Escrevemos, escrevemos muito. E não há adágio que me
salve. Que me demoro na prosa. Salvo raras excepções, demoro-me com os que me
importam. Devolvem-me o mesmo. É assim. Por mais que nos canse, este intervalo
entre dois pontos da geografia, é a única opção. Os amigos, homens e mulheres
genuínos. Que abrevio caminho garantindo que, em pausa da modéstia, me dou com
tipos bons. Gente boa. Esses amigos foram para lá, mas continuamos cá. Depois
da prosa demorada, é que te perguntei por outras coisas. Primeiro o amor.
Voltámos sempre ao mesmo. As emoções, as reacções físicas, a ambição de chegar
ao outro. A faculdade de discernir que se perde. Questiona-se se o amor é
paixão. Se a paixão é o amor a escovar os sentimentos. Vai à aventura. Talvez
já saibas. Daqui a uns tempos, já saberás responder. Perguntar-te-ei antes que
tudo se é amor.
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