8.6.16

Inelutáveis circunstâncias.

Oiço, de quando em vez, música clássica. Ainda é costume neste admirável mundo novo? É uma questão que me assalta. Poucas vezes, é certo, mas fica na estória do que vou cuidando no pensamento. Para minha defesa – como se o crime fosse meu – sou um ouvinte que pende para o ecléctico. Termo que aprecio, muitas vezes mitigado pela desonra com que alguns o aproveitam para salvar o segredo de que a música segue os tempos de cada um pejado de guilty pleasures. Também os guardo. E vou, enquanto apreciador musical, do mais erudito à poesia popular – com as devidas ressalvas. Na prática, a música avança pelas nossas vidas, mais ou menos, à revelia. Marcando desde o sorriso maroto ao tempo perdido. Mudar deve ser das situações mais avessas à comunhão do espírito, corpo e sociedade. Tão tramada que, ou arrepias caminho sem grande pausa para pensar ou recuas com toda a bagagem de questões e medos que foste alvitrando até ao ponto. Isso ou é feitio do tipo avançar sucessivamente na procura do que é suficiente para ele. Estagnar, por arrependimento do que sequer sabemos que vinha a acontecer é amplamente desleal. Para quem comete, claro. Em tese, um amigo pondera manumitir o presente para colher frutos mais adiante. Faz todo o sentido. Quem sabe, o paraíso não mora por lá. Desta feita, conversar é bom, mas escutar é melhor ainda. A decisão é unilateral. E a música clássica não é desajeitada e não perdeu a força no passado. Inventa o que quiseres, mas mudar é querer certezas e crer no vazio. Rasga o peito e faz o que o instinto te ditar. Que os ditados servem para isso. Tentar, errar e o conhecimento guardar.

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