29.3.17

Pendência que carece de uma valente troca de ideias.

Enche-se a boca para dela saírem impropérios vários. Dos que não interessam. A ninguém, a nada. Invadem o outro num discurso pernicioso, avançando num abalroar da essência do que e de quem está do outro lado. Da liberdade. Do apregoar tão fácil, do aplicar tão difícil. Absurdo no seu máximo conforto. Espaço privilegiado mal aproveitado. O ritmo do peito não desafina. Há coragem ignorante, senhoras e senhores. É disto que tenho medo. Vê-los, numa posição que teimam favorável, num atentado persistente à condição humana. Questiono como se sentirão depois da barbárie. Penso nisto, logo depois de um vídeo que me fizeram chegar. Onde um jovem casal relata a sua experiência. Lutam contra o prejuízo, sem temerem qualquer juízo. E só assim faz sentido. Colocam-se na sua pele, na do outro e resulta num conjunto de palavras tão certeiro. O preconceito no epicentro das tábuas. Mas posso e devo lembrar-me disto sempre que alguém próximo, tão próximo como um amigo, ou um transeunte aleatório, passa por mim. A educação para a cidadania – real e efectiva; não a ficcionada do costume – faz toda a diferença. Plantar no primeiro minuto para esperar frutíferos comportamentos mais tarde. Não me interessa senão a formação do cidadão. O conforto de viver a intimidade. Um tipo não pode exercer sobre ninguém a sua verdade. Somos ricos dentro da diversidade. Agradeço a bênção que tive nos valores que me passaram, na família que me instruiu e nos amigos que me calharam em sorte. Não é mentira se lembrar que, à minha volta, também proliferam os sabedores bacocos de toda a hora. Os imperadores do preconceito – na família e nos contactos mais alargados, porque aos meus amigos, e de outra forma não poderia ser, não lhes reconheço a intolerância. E alinho numa discussão – saudável e capaz – até ao limite do razoável. Desligo, quando o burgesso sobrepõe-se ao bom senso. É importante lembrar que o preconceito não está erradicado e somos todos, a qualquer instante, putativas vítimas. Bem-haja aos que vivem ao invés de molestarem a vida alheia.

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